Depois de ser agredida por uma velhinha que dizia "Ladra, criança demôniaca! Pare de usar roupas assim!" e olha que eu só estava usando um sobretudo preto para ninguém reparar em mim, mas parece que ela notou. Eu consegui chegar inteira ao shopping, aonde minha amiga Carolina me esperava:
- Já não era sem tempo. Sua atrasada. - disse Carol, já virando as costas para mim logo depois de eu ter entrado pela porta e dando passadas firmes.
- Sabe, eu não devo lhe obedecer, Carol. Para sua informação, eu fui parar na primeira página dos jornais, fui na casa de um amigo e depois ainda fui atacada por uma senhora que não teve nem piedade antes de eu chegar aqui.
- HA HA HA UMA VELHA TE ATACOU?! AI, VOCÊ DEVIA FAZER AULA DE ALGUM TIPO DE LUTA. HA HA HA HA HA HA.
- Cala a boca, Carol, nem sempre falar e rir é bom. Esta frase se aplica muito bem ao seus modos de agora.
- Não tem senso de humor não?
- Não. - respondi secamente.
- Nossa, sua chata. - Simplesmente ignorei o comentário e subi as escadas.
- Como se eu não soubesse que quando estou com você, tenho que passar por outra pessoa.Sabes muito bem que não gosto de ocultar esta minha parte verdadeira.
- Entendo... MAS PORQUE VOCÊ NÃO MUDA ESTAS ROUPAS?! ELAS SÃO HORRÍVEIS! - disse ela praticamente fazendo um escândalo e atraindo uma grande multidão de olhares que não eram nem um pouco divertidos.
- Elas podem ser horríveis à você, Carol. Mas para mim são roupas que eu devo usar no dia-a-dia. - eu disse e a maioria das pessoas me olhou com desgosto e continuaram seu caminho, a minoria me olhou como se eu fosse Sócrates, como se eu fosse inteligente demais e continuaram a me olhar até desaparecerem de minha visão.
- Ta bom! Para de falar... sua voz da sono. - disse irritada.
- Vamos tomar café, pessoa ingrata? - perguntei rindo no final.
- Café!? C-A-F-É!? Eu não, isto é coisa de gente velha como você, prefiro um suco ou um refrigerante.
- Ok, mas o que irá comer?
- Não sei.
- Só vou pedir uma batata frita. Estas coisas de hoje em dia me incomodam, então só a batata mesmo.
- É pede isto pra você, Souza. Isto é típico de vocês detetives, são inteligentes, mas ultrapassados e não sabem usar a vida para outra coisa sem ser investigar, investigar, investigar... aff... dá até tédio falar sobre vocês. Por mim vocês nem existiriam. Mas eu tenho pena de você. - ela disse enquanto nos sentavamos, olhei ela com um olhar que ela acabou se assustando, eu nunca fiz aquilo para ela, não estava acostumada com minhas esquisitices. Eu estava sentada do lado direito e ela do lado esquerdo, eu com meu café e minhas batatinhas e ela com um suco e um sanduíche.
- Não deveria ter pena de mim, mas você me insultou e se eu quisesse poderia fazer você engolir letrinha por letrinha esta frase. Isto é claro, impossível.
- Mas é claro que não, vo-você ia me encher de pancadas. - disse ela chorando.
- Ei! Calma. Eu não sou feita de pedra para não ter sensibilidade e não, eu nunca iria te encher de pancadas. Era só uma expressão. - disse eu colocando a mão em seu ombro.
- Ok. Obrigada Sherly. - eu imediatamente tirei a mão e comecei a tomar meu café. - O que foi?
- Sherly. Não me lembre este nome maldito. - enquanto eu começava a olhar para todos os lados da praça de alimentação.
- Mas por que? O que a dona deste nome lhe fez?
- Nada muito pequeno. Era bastante grande e grave o que ela me fez. - disse eu batendo com a mão na testa me lembrando da noite em que Hugo desapareceu. - Era ela. Tem te ser ela.
- Sherly? - disse Carol com cara de interessada. Afinal ela gostava de fofocar.
- Já disse para não pronunciar este nome, Carol. - Respirei fundo - Sinto muito mas terei que ir, descobri uma coisa importante agora. - Eu me levantei dei um tapinha nas costas de Carol e sai correndo pelo shopping como Carol me olhando preocupada.
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